O Núcleo de Masculinidades da ONG Coletivo Feminista Sexualidade e Saúde surgiu a partir do trabalho com homens denunciados por crimes de violência contra a mulher, através de uma parceria com a Vara Central de Violência Doméstica e Familiar contra a Mulher de São Paulo (SP).

Desde 2009, sua principal ação é constituída pela realização de grupos reflexivos com homens denunciados por crimes de violência contra a mulher, buscando desconstruir modelos nocivos de masculinidade, bem como oferecendo ferramentas alternativas na resolução de conflitos.

Com a aprovação da Lei Maria da Penha, em 2006, resultado de anos de trabalho e luta dos movimentos feministas, vemos se desenhar um olhar mais complexo no enfrentamento da violência contra a mulher, que passa a pensar também a necessidade de um trabalho integrado com os homens denunciados por essa modalidade de violência.

Assim, os grupos reflexivos se constituem a partir do encontro entre homens que, a partir da facilitação de uma equipe multidisciplinar, passam a questionar os fundamentos daquilo que os posicionou em situações de violência contra mulheres, sejam elas parceiras ou ex-parceiras. Além disso, eles se tornam mais capazes de enxergar as violências que cometem contra outros homens e contra si mesmos em razão de modelos restritivos de masculinidade calcados em ideias como virilidade, força e honra. Em ciclos que duram 16 semanas, por duas horas semanais, com a participação de até 15 homens, observamos o alargamento de referenciais e a possibilidade de outras formas de ser homem na sociedade em que vivemos.

O Núcleo de Masculinidades do Coletivo Feminista Sexualidade e Saúde busca, assim, refletir e possibilitar alternativas mais justas e igualitárias para a vivência de homens e mulheres, garantindo o respeito e a promoção dos direitos humanos, num diálogo intenso com outros movimentos de caráter feminista. Possui também como fundamento reflexões de caráter interseccional, pensando o impacto que outros marcadores sociais de diferença, como raça, classe e sexualidade, possuem na modelagem de nossas experiências, marcadas não somente por diferenças, mas sobretudo por desigualdades.